sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Manual de Procedimentos (esquema)

Manual de Procedimentos da Biblioteca EB1 de Brejos
(esquema)


Estrutura

· Introdução – o que é um Manual de Procedimentos?
· Selecção/Aquisição do Fundo Documental
· Tratamento Documental

1. Registo – operação administrativa que tem como objectivo a inventariação de todo o tipo de documentos que constituem o fundo documental de qualquer Biblioteca/Centro de Documentação; Folha Excel;
2. Carimbagem – marca de propriedade, que se coloca em toda a documentação, para que se saiba a quem pertence;
2.1 – Monografias – colocadas na página de rosto, deve ser colocado numa zona que não impeça o leitor de chegar a todas as informações da obra literária em questão (canto superior direito – carimbo de posse; canto inferior direito – carimbo de inventário;
2.2 – Publicações periódicas (não existem de momento);
2.3 - Material Não Livro, o carimbo de registo aplica-se na contracapa do documento, no próprio documento é aplicado com uma caneta própria o respectivo número de registo.
3. Catalogação – descrição dos dados bibliográficos associados a um documento (descrição física deste); utilização das Regras Portuguesas de Catalogação; DocBase
4. Classificação/Indexação – identificação dos assuntos ou temas de que trata o documento, de modo a assegurar um carácter universal.
4.1 – Monografias – 2ª edição da Classificação Universal Universal
4.2 - Publicações periódicas (não existem de momento);
4.3 – Material Não Livro:
a) Registos Sonoros – Tabela de Classificação dos Documentos Musicais, da Biblioteca Municipal de Albufeira
b) Registos vídeo – Tabela de Classificação de Vídeo, da Biblioteca Municipal de Albufeira
c) CD-ROM – 2ª edição da Classificação Decimal Universal
5. Cotação – atribuição de um código que facilita a localização dum documento para além de estabelecer uma ligação entre os dados relativos ao documento (descritos na ficha bibliográfica) e o documento arrumado na estante; cota alfanumérica (números e letras)
5.1 - Monografias – CDU + três primeiras letras do apelido do autor, título, ou colecção. EX. 087.5 SOA
5.2 - Publicações periódicas (não existem de momento);
5.3 – Material Não Livro – Classificação Numérica + três primeiras letras do título do filme (registo vídeo), intérprete (registos sonoros), título (CD-ROM)
6. Arrumação – os documentos estão arrumados em estantes por assunto/cores, por ordem alfabética (da esquerda para a direita). O Material Não Livro está arrumado numa estante própria para o efeito. (Os utilizadores só tem acesso às caixas originais com toda a informação sobre o Documento.)

· Difusão da Informação:
1. Livro de Recortes - constituição de pastas de recortes de jornais e revistas para aproveitamento da informação.
Procedimentos:
a) Delimitar os assuntos a serem tratados (de acordo com o Programa do Primeiro Ciclo do Ensino Básico);
b) Seleccionar os artigos que vão surgindo em jornais e revistas (atenção à diversidade de opiniões);
c) Recortar, aproveitar as folhas do jornal ou revista, fotocopiar, ou até mesmo, digitalizar, quando sejam para conservar;
d) Identificar a fonte, nome do jornal ou revista, e a data da publicação;
e) Organizar a pasta cronologicamente, do mais antigo para o mais recente;
f) Organizar um índice que se vai actualizando;
g) Disponibilizar e publicitar a pasta ao público;

2. Dossiers temáticos:
a) Trabalhos de alunos;
b) Fotocópias de parte de um documento considerado importante para aquela temática;
c) Recompilação de materiais complementares (ex: folhetos, desdobráveis...)

3. A Internet - a partilha de informação e a realização de intercâmbios com outras instituições, não só do distrito, mas também do resto do País, a partir da página web http://www.eb1-brejos.rcts.pt/biblioteca_brejos2/index.htm.



Referências Bibliográficas

NP 405, 1994, Norma Portuguesa – Informação e Documentação : Referências Bibliográficas : documentos impressos. Monte da Caparica : IPQ

Gusmão, Armando Nobre de, e outros, Regras Portuguesas de Catalogação-I, 1984

CDU : classificação decimal universal : tabela de autoridade, Biblioteca nacional, 2ª ed.,1990.
http://www.eselx.ipl.pt/curso_bibliotecas/documentaisII/documentaisII.htm

Plano de Actividades

Nota Introdutória

Um Plano de Actividades é um documento que consiste na delineação de estratégias/actividades por parte de uma ou várias instituições, para um projecto que se pretende dinamizar, segundo determinados objectivos previamente estabelecidos.

Inaugurada no dia vinte e sete de Setembro de 2006, a Biblioteca Escolar de Brejos fica situada na freguesia de Olhos de Água, concelho de Albufeira, dentro das instalações da Escola Básica do Primeiro Ciclo do Ensino Básico.

Mais importante do que elaborar um plano, é obrigatoriamente necessário estabelecer o que se pretende. Neste caso particular, os cento e trinta e cinco (135) alunos, os sete (07) professores, as cinco (05) auxiliares de acção educativa e toda a restante comunidade educativa (pais, ex-alunos,...) vão ter acesso a um Centro de Documentação que pretende dar resposta às necessidades educativas, seja no acesso aos documentos (material impresso e não livro), seja no acesso a outros recursos como as novas tecnologias.

A organização da Biblioteca Escolar está descrita no “Manual de Procedimentos”.

O papel da formação de professores (e de bibliotecários) é extremamente importante, pois a homogeneidade das turmas e das escolas acabou à muito tempo, e todos nós sabemos como é imperioso a aquisição e a constante permanência de hábitos de leitura.

O fenómeno da implementação da leitura pode ter um Plano Nacional, mas a especificidade de cada instituição, de cada aluno e de cada turma conta muito. Começa nas condições físicas das próprias instituições, no interesse e na vontade de todos (professores, bibliotecários, pais, os próprios alunos, as autarquias, o Governo) em colaborar. Temos de começar a pensar num todo, num objectivo comum, abrangente a todos, sem excepção, partindo do geral para o particular.

O Plano Nacional de Leitura apareceu para diminuir o fenómeno de “iliteracia” no nosso país, no sentido de alargar os hábitos de leitura e desenvolver as competências dos portugueses. Para tal, é conveniente toda a comunidade envolvente participar activamente. Esta Biblioteca Escolar tem de estar em sintonia com a Biblioteca Escolar da Sede de Agrupamento, e consequentemente, com a Biblioteca Municipal de Albufeira. As instituições de ensino são parceiros inseparáveis e indispensáveis, daí a necessidade de haver uma sintonia perfeita perante os planos de dinamização e de articulação com as respectivas entidades.

A Biblioteca Escolar de Brejos segue as directrizes que são referidas no Manifesto da Biblioteca Escolar, aprovado pela UNESCO, na sua Conferência Geral em Novembro de 1999. Assim, a missão será a de disponibilizar serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitam a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se activos críticos e utilizadores permanentes.

Estes serviços de aprendizagem, ainda segundo o referido manifesto, devem ser disponibilizados “de igual modo a todos os membros da comunidade escolar, independentemente da idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua e estatuto profissional ou social”, sendo que, “aos utilizadores que, por qualquer razão, não possam utilizar os serviços e materiais comuns da Biblioteca, devem ser disponibilizados serviços e materiais específicos.”

1. Objectivos Gerais

A) Criar e estimular hábitos de leitura nos alunos, professores e auxiliares de educação da EB1 de Brejos;
B) Apoiar os alunos, professores e auxiliares de educação da EB1 de Brejos na selecção e utilização da informação;
C) Dinamizar diversas actividades de forma integrada, com as diversas estruturas da EB1 de Brejos (Agrupamento, Biblioteca e Ludoteca)

2. Ano Lectivo 2007-2008

Dado que, só este ano lectivo é que foi concluído o Tratamento Documental – tratamento técnico específico, com a finalidade de facilitar a pesquisa/procura, satisfazendo os pedidos dos utilizadores (alunos, professores, auxiliares de educação, pais, ex-alunos) tendo obrigatoriamente de ser o mais claro e explícito possível – a partir de Janeiro de 2008, irão realizar-se diversas actividades, abrangendo todos os alunos do Primeiro Ciclo desta instituição escolar, bem como os respectivos professores e os restantes membros da comunidade educativa.

Qualquer actividade relacionada com a sistematização da aprendizagem da leitura e da escrita passa por um conhecimento prévio do espaço/instituição onde vão desenrolar-se as actividades; isto é, não se consegue motivar uma criança para uma prática sistemática de leitura/escrita sem a mesma entender o porquê dessa prática, ou quais os benefícios de tais aprendizagens. Os alunos do Primeiro Ciclo do Ensino Básico são, actualmente, mais exigentes com as novas actividades que as instituições de ensino lhes proporcionam.

Por outro lado, cabe aos professores/dinamizadores das bibliotecas escolares manifestarem, desde logo, as regras e as políticas de intervenção aos seus alunos, nunca descorando a “liberdade de escolhas e de movimentos” por parte dos mesmos. Deste modo, impede-se qualquer desentendimento entre os professores e os alunos.

Os alunos necessitam obrigatoriamente de conhecer o espaço onde irão desempenhar as suas actividades. Não basta:
- Olha, hoje vão ver um teatro de fantoches na biblioteca!
Os alunos têm de conhecer o espaço, reconhecer os diferentes tipos de bibliotecas, saber como funcionam (minimamente):
- Identificar os livros que não podem levar para casa;
- Respeitar o tempo de permanência dos documentos emprestados;
- Saber procurar os documentos;
- Identificar os documentos por assunto;
- Respeitar as regras de funcionamento da biblioteca…)

Nos dias de hoje, o público infanto-juvenil não tem referências literárias. Contam-se pelos dedos aqueles que por iniciativa própria têm automatismos próprios de leitura ou de produção de texto escrito, apesar de manifestarem o gosto pela leitura.

A caminho da adolescência, as referências literárias são obtidas a partir de ”obrigações” impostas pelos professores/encarregados de educação. Um dos principais objectivos deste Plano Nacional de Leitura consiste precisamente na obtenção desses automatismos de modo a que as nossas crianças possam melhorar os seus conhecimentos, bem como enriquecer o seu vocabulário permitindo que a língua de Camões evolua e seja cada vez mais rica.

Não faz sentido uma iniciativa como o Plano Nacional de Leitura pôr de lado a evolução dos novos tempos. As Novas Tecnologias já têm proporcionado às instituições de ensino abordagens complementares, nunca esquecendo o rigor científico dos conteúdos, um forte apoio nas sistematizações das aprendizagens realizadas pelos alunos, como foi o caso do Programa CB-TIC@EB1, iniciado em 2002 e terminado em 2006. Um exemplo: a exploração de um conteúdo como o “Sistema Solar” na sala de aula torna-se mais rico quando se consegue visualizar uma movimentação acelerada, mas real, a partir da Internet de um planeta. E porque não ir à biblioteca fazer uma exploração mais completa e variada?

Por outro lado, a Internet permite a partilha de informação e a realização de intercâmbios com outras escolas, não só do distrito, mas também do resto do País. Neste ponto, os alunos sentem-se motivados para apresentar os seus trabalhos a outros colegas/amigos. A certificação dos alunos do 4º ano de escolaridade com o Diploma de Competências Básicas em Tecnologias da Informação e da Comunicação é uma excelente iniciativa motivadora, não só para os alunos que transitam para o 5º ano, mas também para os restantes. Obviamente, a certificação passa por uma formação específica enquadrada na dinamização da própria Biblioteca Escolar, que também passa por elaborar/dinamizar uma página web.

No caso particular da Biblioteca Escolar de Brejos, noventa e nove por cento dos documentos são apropriados à respectiva faixa etária: entre os seis e os dez anos de idade, correspondendo ao Primeiro Ciclo do Ensino Básico. No entanto, também é importante, os alunos terem um contacto com documentos mais elaborados de forma a estabelecerem as naturais diferenças entre os mesmos. Neste ponto em particular, a Biblioteca Municipal terá um papel fundamental.

Também não faz sentido, depois de uma leitura/análise de um determinado documento não haver uma reflexão do mesmo. Qualquer sujeito, independentemente da sua idade tem capacidade para comentar nem que seja para dizer se gostou ou não. É claramente outro grande objectivo do Plano Nacional de Leitura: a manifestação, por parte dos alunos, da compreensão (ou não) do livro, da sua mensagem, da lição que podem retirar… Trata-se de uma análise mais tradicional no sentido dos alunos saberem distinguir os principais elementos do livro: identificar o autor, o tipo de obra (banda desenhada, histórias infantis, contos tradicionais, livros de aventuras…), as personagens, a evolução da própria história…

Daí a ideia da criação da “Ficha de Leitura”. Uma actividade simples, mas que coloca em marcha um pressuposto do conhecimento do documento em questão por parte do aluno. E porque não pedir a esse mesmo aluno uma representação gráfica (um desenho) da história que acabou de ler/analisar?

São questões em que devemos reflectir, pois está em causa o desenvolvimento cognitivo das nossas crianças cuja responsabilidade passa por todos nós (professores, pais/encarregados de educação, auxiliares de acção educativa), toda a comunidade educativa.

Gonçalo Manuel Ferreira Duarte da Silva
Estagiário no âmbito do PEPAL na Divisão de Educação da Câmara Municipal de Albufeira – Dinamização de Biblioteca Escolares

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

I Conferência do Plano Nacional de Leitura


Nos dias 22 e 23 de Outubro de 2007 ocorreu no Auditório 2, no edifício da Fundação Calouste Gulbenkian, a I Conferência do Plano Nacional de Leitura – A leitura em Portugal: desenvolvimento e avaliação. Nele participaram altas personalidades das áreas da Cultura e da Educação em Portugal, incluindo a actual Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, o Sr. Primeiro-ministro, José Sócrates e a Comissária do Plano nacional de Leitura, Isabel Alçada.
Foram apresentados vários estudos, palestras, medidas e considerações com diferentes pontos de vista, mas tendo como principal objectivo a continuação da promoção e do incentivo à leitura na população considerada infantil e juvenil, focalizando a ligação, que deve ser uma constante, entre a Rede de Bibliotecas Públicas e a Rede de Bibliotecas Escolares (do 1º, 2º, e 3º Ciclo e do Ensino Secundário).
O Plano Nacional de Leitura é, sem dúvida, uma iniciativa, uma ideia, que passa por levantar Portugal desse fenómeno inquieto que dá pelo nome de “iliteracia”, isto é, o analfabetismo funcional. Por outro lado, as taxas de analfabetismo ainda apresentam números alarmantes para os dias de hoje. Recentemente, na comunicação social, vimos pais que não querem colocar os seus filhos nas escolas, porque segundo os próprios, não vão aprender nada. Infelizmente, muitas pessoas que investiram nas suas formações, tendo já experiências reconhecidas nas suas áreas, não conseguem arranjar um emprego mais ou menos estável Para que é que vamos investir na nossa formação, se no final não vamos ter emprego? De facto, é uma questão extremamente delicada e que mexe com as nossas atitudes e decisões no que diz respeito ao nosso futuro.

A “frieza” dos números apresentado nesta I Conferência do Plano Nacional de Leitura revelou que os mais novos são aqueles que mais se manifestam na vontade em querer aceder ao conhecimento, e mostram sobretudo, o desejo em “ler”.
Será mesmo verdade?
O estudo “Hábitos de leitura da população portuguesa” mostrou que o desejo em aprender, em querer saber mais, em querer descobrir o mundo que nos rodeia é mais notório nos mais novos, uma vez que estão na fase inicial da existência. A fase da puberdade, extremamente rica, em transformações físicas e psicológicas influencia muito os jovens nas suas futuras escolhas, sociais, afectivas e culturais.
No entanto, é curioso verificar a presença de uma classe de leitores intitulados “resgatados”, indivíduos que manifestam o gosto e o reconhecimento do fenómeno da leitura, já na fase adulta.

No que diz respeito à comunidade estudantil, foi referido um aspecto interessante, já reconhecido estatisticamente, mas sempre curioso: são as raparigas que se interessam mais pela leitura. Mas que tipo de leitura? Os gostos e os interesses de cada um não se discutem, mas é importante referir que quantidade não corresponde a qualidade. O conhecimento adquirido, com base nas leituras efectuadas valoriza a socialização, pois todos temos objectivos de vida e todos pertencemos à Sociedade da Informação.
Qual o nosso papel nesta iniciativa?
O significado desta simples palavra com três letras “LER” não implica só o reconhecimento dos grafemas e dos fonemas, mas também a compreensão e a interpretação dos mesmos. Trata-se da velha luta entre o “Significante” e o “Significado”. O eterno conflito entre a identificação e o que verdadeiramente representa. O que é que se aprende com tudo isto?
Também foi discutido o papel extremamente importante da formação de professores (e de bibliotecários) mas sobretudo, o primeiro. Uma questão levantada foi a situação delicada de os recém licenciados não terem nas suas formações, disciplinas que passam pela compreensão do fenómeno da leitura e de como ela deve ser fomentada nas nossas crianças... É estranho, na medida em que os currículos, os Planos de Estudos dos cursos via ensino, apresentam cadeiras com temáticas relacionadas com estas questões. Entende-se também que a homogeneidade das turmas e das escolas acabou à muito tempo. O fenómeno da implementação da leitura pode ter um Plano Nacional, mas a especificidade de cada instituição, de cada aluno e de cada turma conta muito. Começa nas condições físicas das próprias instituições, no interesse e na vontade de todos (professores, bibliotecários, pais, os próprios alunos, as autarquias, o Governo) em colaborar. As desavenças políticas e partidárias têm de acabar. Temos de começar a pensar num todo, num objectivo comum, abrangente a todos, sem excepção, partindo do geral para o particular.

A colaboração das Bibliotecas Públicas também foi manifestada de uma forma positiva, uma vez que têm dado um grande contributo na aplicação prática deste Plano Nacional de Leitura, com iniciativas educativas e pedagógicas de grande envergadura cultural.

Um aspecto não directamente associado a esta iniciativa do Plano Nacional de Leitura, mas que importa referir, é a ligação estreita existente entre os bibliotecários e os professores, entre as Bibliotecas Públicas e as Bibliotecas Escolares. Parece que há sempre algum obstáculo a impedir a desejada colaboração total... Parece que estão todos a querer fazer tudo e depois acabam por perder tempo, recursos e o resultado final acaba por saber a pouco.
A precocidade de alguns estudos apresentados foi posta em causa, sobretudo o Estudo de Avaliação externa do Plano Nacional de Leitura. Talvez seja cedo, mas todos precisamos de ter alguns números e algumas referências para poder começar por algum lado na tentativa de melhorar os índices de leitura, e posterior aproveitamento curricular e profissional, até porque segundo Scott Murray da Universidade de New Brunswick, do Canadá, conferencista de uma das mais interessantes sessões desta I Conferência do Plano Nacional de Leitura afirmou e provou com a “frieza” dos números que literacia e conhecimento é sinal de riqueza e rendimento pessoal e nacional. Trata-se de uma perspectiva economicista deste fenómeno da leitura que promove o desenvolvimento e a certificação das nossas competências, sendo estas obrigatoriamente de ser reforçadas à medida que vamos avançando no tempo. Neste ponto as Novas Tecnologias têm um papel extremamente activo no que diz respeito à rapidez com que a informação é processada e transmitida.
Uma das conferências apresentadas consistiu no fenómeno da aprendizagem da leitura com uma apresentação das suas principais componentes, perfis de evolução e respectivas avaliações, pelo Professor da Universidade Livre de Bruxelas José Junca de Morais que começou por definir a leitura como um processo de reconhecimento e descrição que acaba por ser reconhecido e interpretado pelo nosso cérebro e todas as implicações deste fenómeno como é o caso do acréscimo de competências verbais e fonológicas, e posteriormente, do conhecimento.

Ter a perspectiva de outros países é interessante, como foi o caso da Socióloga Helena Bomeny da Escola de Ciências Sociais – CPDOC da Fundação Gertúlio Vargas (Brasil) que evidenciou os progressos e a evolução das políticas de implementação da leitura num país marcado pelas dificuldades sociais e por uma violência constante.

Em género de conclusão, a primeira ideia a reter é fazer um levantamento das questões que mais contribuem para a iliteracia ainda presente no nosso país. Depois de identificadas, o Plano Nacional de Leitura apareceu para colmatar essas questões no sentido de alargar os hábitos de leitura e desenvolver as competências dos portugueses. Para tal, é conveniente toda a comunidade envolvente participar activamente. As Redes de Bibliotecas Escolares têm de estar em sintonia com a Rede de Bibliotecas Públicas. As instituições de ensino são parceiros inseparáveis e indispensáveis, daí a necessidade de haver uma sintonia perfeita perante os planos de dinamização e de articulação com as respectivas entidades. As autarquias têm a responsabilidade de, pelo menos, tentar providenciar as condições necessárias.
Ter noção do que se passa lá fora é importante, mas Portugal tem de ter capacidade para responder aos seus próprios desafios, tendo consciência das dificuldades e realismo nas metas a atingir.
O Plano Nacional de Leitura tem à disposição de todos uma página na Internet com todas as informações, incluindo objectivos, planos de acção, estratégias em
http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt.


Gonçalo Manuel Ferreira Duarte da Silva
Estagiário no âmbito do PEPAL na Divisão de Educação da Câmara Municipal de Albufeira – Dinamização de Bibliotecas Escolares